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O Puzzle de Lea destina-se a treinar e avaliar crianças pequenas normais e crianças mais velhas e adultos com atraso mental. Pode também ser uma ajuda na avaliação neuro-psicológica de doentes com lesões cerebrais. Se a criança não conseguir agarrar as partes do puzzle, mas puder agarrar uma rolha de garrafa de champanhe, cole um íman pequeno e liso na cortiça e um pedaço metálico pequeno e liso na peça do puzzle.

O objectivo deste jogo com crianças pequenas, é ajudar a desenvolver o conceito igual/diferente, como pré-requisito para a avaliação da acuidade visual, mais cedo do que seria possível, sem treinar com este brinquedo educativo.

Uma criança com 10 -11 meses porá as peças do puzzle na boca e baterá com elas no chão ou na mesa. Dê só as peças quadradas e circulares nesta fase e também na fase seguinte, quando a criança começa a deixar cair ou a atirar as peças do puzzle, atirando também frequentemente a placa. Esta é uma fase normal no desenvolvimento do espaço auditivo, pois a criança não é má. Como a placa é pesada, pode quebrar algo se for atirada com força, pelo que deve vigiá-la e tirar-lhe a placa antes que isto aconteça.

Na fase seguinte a criança começa a estudar os entalhes do puzzle e pode, por acaso, pôr a peça laranja redonda, no entalhe alaranjado, mais tarde a peça azul, quadrada, no entalhe azul. Quando a criança repete esta actividade e a começa a fazer com uma intenção óbvia, deixe-a tentar com a maçã e a casa, que requerem melhores faculdades motoras do que o círculo e o quadrado.

Quando a criança conseguir colocar as quatro peças coloridas nos entalhes, introduza o lado preto e branco e comece outra vez com o círculo e o quadrado. Quando a criança dominar a colocação das peças a preto e branco, introduza o conceito das gravuras que representam objectos, desenhando em torno das peças do puzzle e estudando com a criança o resultado e o facto da peça poder ser colocada nela. Quando a criança começar a colocar as peças do puzzle nestes desenhos grandes, introduza desenhos menores destas formas. Quando a criança começa a colocar as peças do puzzle nos desenhos mais pequenos está pronta para ser testada usando testes de símbolos únicos, quer as cartas de jogar Lea quer as peças do DOMINO Lea. Isto acontece geralmente entre os 18 e os 24 meses e assim é possível medir a acuidade visual mais de um ano antes do que o habitual.

A aprendizagem do conceito igual/diferente segue o mesmo padrão, na habilitação precoce de crianças com problemas visuais e na avaliação da visão das crianças multideficientes. As crianças com deficiência visual relacionada com lesões cerebrais podem aprender a combinar cores, mas podem ter dificuldades muito maiores a combinar formas, ou podem mesmo ser incapazes de aprender a fazê-lo devido à perda específica da percepção de formas geométricos. Algumas crianças podem aprender a combinar as formas a preto e branco, numa terapia de meia hora, mas esquecer-se do conceito assim que a actividade terminar. São incapazes de armazenar a nova informação na sua memória de longo prazo.

Durante o jogo é também possível observar funções como a orientação no espaço egocêntrico e a coordenação olho-mão.
Uma criança pode ter dificuldade em rodar as partes do puzzle para caberem nos entalhes. Nesse caso deve ser dado à criança tempo suficiente, para avaliar se há problemas no planeamento visual ou no feed-back visual durante o movimento, ou se o desempenho lento é um problema motor puro.

Mostram a grande variedade nas respostas durante este jogo e são úteis para professores e terapeutas assim como para outros profissionais que trabalhem com crianças deficientes visuais. Na 'A minha Visão é importante' encontram-se também pequenas sequências video.

Instruções para testar

• Comece pelo lado colorido da placa e das peças do puzzle. Se a criança não tiver visto antes o puzzle, segure-o ao seu alcance, coloque a peça redonda na placa e vá conversando com a criança ou com a mãe, sobre outros assuntos, prestando atenção ao comportamento da criança. Dê à criança tempo para examinar a peça do puzzle e os entalhes. Não sugira colocar a peça no entalhe. Se a criança colocar a peça redonda do puzzle no seu entalhe diga “isso” sem dizer mais nada, tire a peça redonda e coloque a peça quadrada no meio da placa. Se for colocada no entalhe correcto tire-a e dê a “maçã” dizendo “e esta, para onde vai?”. Se for colocada correctamente dê a “casa”.

• Ao avaliar uma criança mais velha, que seja capaz de combinar cores, pergunte simplesmente ‘já jogaste antes com este puzzle?’.

• Observe a coordenação olho-mão e o manusear das peças do puzzle para avaliar a orientação visual das funções motoras e até que ponto a criança usa a informação táctil para encontrar a orientação correcta das peças do puzzle.

• Se a criança tiver deficiências motoras graves, jogue primeiro da maneira usual, de modo que a criança não olhe o puzzle mas utilize a informação táctil e a memória visual da estrutura da placa.

• Se a criança não começar a combinar as peças do puzzle, necessitará de mais tempo. Deve evitar mostrar como se faz. É melhor para a criança ser ela própria a descobrir como combinar, ou observar outra criança a jogar, em vez de se lhe ensinar que as peças podem ser colocadas nos entalhes.

• Quando a criança conseguir colocar as peças do puzzle nos entalhes no lado colorido, gire a placa e deixe a criança descobrir o que fazer com as partes a preto e branco. Pode dizer que ‘há outro lado neste jogo’. A criança geralmente agarra uma peça do puzzle, roda para o lado colorido e coloca-a então no seu entalhe, usando talvez a memória visual da posição. Para despistar isso, gire a placa 90 ou 180 graus, enquanto a criança agarra outra peça. Na vez seguinte, gire a placa 45, 90 ou 180 graus, enquanto a vira do lado colorido para o lado preto e branco.

Para registar o modo como a criança resolve os problemas nesta situação de teste, mantenha uma câmara de vídeo a gravar. Para perturbar o menos possível, coloque a câmara num tripé o mais distante possível e escolha uma abertura suficientemente grande para mostrar a cara e as mãos da criança. Pode utilizar-se música ambiente baixa, para encobrir o som da câmara. Se puder ligue a câmara a uma televisão, atrás da criança, para verificar se ela não sai da área do écran, de modo a ajustar a abertura e o posicionamento da câmara se for necessário.

Quando a criança coloca as peças do puzzle nos seus entalhes com facilidade mas tem dificuldade óbvia em combinar as formas a preto e branco, jogue o jogo de computador Puzzle Lea de forma a descobrir se as formas conseguem ser percebidas quando são usadas cores, mas as cores diferem das formas. A criança não consegue usar a cor para colocar a peça tendo que perceber a forma para o conseguir fazer.